O despertar da força interna pode acontecer pela exigência do destino - ou pela vontade.
As situações da vida são capazes de estimular a liberação de uma força que desconheciamos?
Cada pessoa é um Adam que pode virar He-Man pela invocação de seu poder, mas isso deve ser feito com convicção. O personagem de desenho animado que animou as crianças das décadas de 80 e 90 não levantava a espada e anunciava "Pelos poderes de Grayskull...Eu tenho a força!", a não ser que fosse necessário. Era o perigo que liberava a energia que transformava o fracote no fortão, o medroso no herói.
Na sociedade moderna podemos dizer que não corremos tantos perigos físicos, como acontecia em Eternia. Em compensação, corremos perigos emocionais ainda maiores, pois todos os dias somos assombrados pela possibilidade de fracasso, pelas perdas afetivas, pelos problemas profissionais ou financeiros, pelas dúvidas existênciais. E todos os dias temos a chance e a necessidade de anunciar nossa força, ainda que, as vezes, algumas pessoas não o façam.
Neste ano em que me preparo para entrar na faculdade de Psicologia, li ao livro Dr. Jivago, romance de Boris Pasternak, que conta a história de pessoas comuns atingidas pela revolução russa, provavelmente um dos períodos mais turbulentos que a sociedade já produziu. Lembro-me de ter sido dificil acreditar que tudo aquilo era verdade. Aquele sofrimento em cascata, uma desgraça atrás da outra. O jovem médico Yuri preso, afastado da família, sequestrado pelos bolcheviques para lhe prestar serviço e, ainda por cima, a dúvida entre o amor por sua mulher e a paixão por Lara.
Toda essa trama épica deixou em mim uma tatuagem emocional. Aliás, aprendi que podemos aprender muito sobre a alma humana através da literatura, principalmente dos clássicos russos. Eles retratam como ninguem a guerra, a injustiça, o inverno, a fome e a dor. E deixam claro que nada pode enfrentar a força do ser humano. O destino não nos pergunta se estamos dispotos, simplesmente apronta das suas.
Sim, a necessidade obriga. "O sapo pula por precisão, não pula por boniteza", diz o escritor Guimarães Rosa. A força interior existe, mas é virtual. Não pode ser percebida a não ser, quando ela é solicitada de verdade. E isso pode acontecer por dois motivos: por exigência do destino ou por ingerência da vontade. Ou por ambos.
"Ferramenta tens, não procures em vão", disse Fernando Pessoa em um de seus belos poemas que nos colocam em contato com nós mesmos. "Tenha o coração sensível e use a força da mente", termina seu verso. Sim, temos a ferramente dentro de nós, só precisamos usá-la.
As situações da vida são capazes de estimular a liberação de uma força que desconheciamos?
Cada pessoa é um Adam que pode virar He-Man pela invocação de seu poder, mas isso deve ser feito com convicção. O personagem de desenho animado que animou as crianças das décadas de 80 e 90 não levantava a espada e anunciava "Pelos poderes de Grayskull...Eu tenho a força!", a não ser que fosse necessário. Era o perigo que liberava a energia que transformava o fracote no fortão, o medroso no herói.
Na sociedade moderna podemos dizer que não corremos tantos perigos físicos, como acontecia em Eternia. Em compensação, corremos perigos emocionais ainda maiores, pois todos os dias somos assombrados pela possibilidade de fracasso, pelas perdas afetivas, pelos problemas profissionais ou financeiros, pelas dúvidas existênciais. E todos os dias temos a chance e a necessidade de anunciar nossa força, ainda que, as vezes, algumas pessoas não o façam.
Neste ano em que me preparo para entrar na faculdade de Psicologia, li ao livro Dr. Jivago, romance de Boris Pasternak, que conta a história de pessoas comuns atingidas pela revolução russa, provavelmente um dos períodos mais turbulentos que a sociedade já produziu. Lembro-me de ter sido dificil acreditar que tudo aquilo era verdade. Aquele sofrimento em cascata, uma desgraça atrás da outra. O jovem médico Yuri preso, afastado da família, sequestrado pelos bolcheviques para lhe prestar serviço e, ainda por cima, a dúvida entre o amor por sua mulher e a paixão por Lara.
Toda essa trama épica deixou em mim uma tatuagem emocional. Aliás, aprendi que podemos aprender muito sobre a alma humana através da literatura, principalmente dos clássicos russos. Eles retratam como ninguem a guerra, a injustiça, o inverno, a fome e a dor. E deixam claro que nada pode enfrentar a força do ser humano. O destino não nos pergunta se estamos dispotos, simplesmente apronta das suas.
Sim, a necessidade obriga. "O sapo pula por precisão, não pula por boniteza", diz o escritor Guimarães Rosa. A força interior existe, mas é virtual. Não pode ser percebida a não ser, quando ela é solicitada de verdade. E isso pode acontecer por dois motivos: por exigência do destino ou por ingerência da vontade. Ou por ambos.
"Ferramenta tens, não procures em vão", disse Fernando Pessoa em um de seus belos poemas que nos colocam em contato com nós mesmos. "Tenha o coração sensível e use a força da mente", termina seu verso. Sim, temos a ferramente dentro de nós, só precisamos usá-la.
Grandes mistérios habitam
O limiar do meu ser,
O limiar onde hesitam
Grandes pássaros que fitam
Meu transpor tardo de os ver.
São aves cheias de abismo,
Como nos sonhos as há.
Hesito se sondo e cismo,
E à minha alma é cataclismo
O limiar onde está.
Então desperto do sonho
E sou alegre da luz,
Inda que em dia tristonho;
Porque o limiar é medonho
E todo passo é uma cruz.
(Fernando Pessoa, 2-10-1933)
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