As tontices anti-americanas, a ditadura, a democracia, etc e tal

Interessante. Hoje dando 'uma navegada' que deparei com um texto interessantíssimo do Reinaldo Azevedo, colunista da Veja - à propósito um dos melhores colunistas políticos da atualidade, falando sobre a interferência do EUA (inclusive) na política de países do Oriente, os quais, ainda não conseguiram construir a dita Democracia dos Ocidentais, o que provavelmente não ocorrerá de forma simples e prática. Achei relevante postar esse texto levando em conta as atuais manifestações que ocorreram desde o dia 25 de janeiro deste ano no Egito, e que ontem, ao que parece rumou para o-começo-do-fim com a declaração de Mubarak (quem viu/leu o jornal sabe). A questão é: Podem mesmo esse países atingirem a democracia, que mesmo nós ocidentais ainda não alcançamos (ao menos na prática) com o lobby da Irmandade Muçulmana, 'fungando - incansavelmente - no cangote' dos estadistas orientais?..

02/02/2011

às 5:59

As tontices antiamericanas, a ditadura, a democracia etc e tal

Aqui e ali, ouvem-se muxoxos acusando o governo americano de posar de grandes defensores da liberdade e, ao mesmo tempo, apoiar as tais ditaduras árabes. Huuummm… Vai ver essa gente acha que a “expedição democrática” ao Iraque é pouco e deveria se estender às demais nações — como se aquela guerra tivesse mesmo o objetivo de espalhar democracia.

Pode-se ser contra a invasão ou a favor dela, achar que foi necessária ou que foi um desastre, mas a democracia nunca teve nada a ver com isso. George W. Bush não decidiu ir à guerra para provar a Saddam Hussein a superioridade intelectual de Montesquieu e Tocqueville. Saddam não foi apeado por ser um ditador, mas porque era o ditador errado, ora essa! Nunca achei que alguém com mais de 15 anos tivesse essa dúvida. “Ditador errado para quem, cara pálida?” Bem, depende do lado em que você está ou do lado em que pensa estar — ou em que está efetivamente do ponto de vista político, intelectual e, em certo sentido, moral.

As ditaduras árabes são desprezíveis? São, sim, como todas as ditaduras. Só que há uma questão relevante aí: elas não foram instituídas pelo governo americano. São uma construção nativa. “Ah, mas o desmonte do colonialismo inglês na região…” Olhem, rende excelente literatura, como o magnífico “Os Sete Pilares da Sabedoria”, de Thomas Edward Lawrence, que rendeu o não menos magnífico filme “Lawrence da Arábia”, de David Lean. As questões que resultaram naquela divisão geopolítica estavam lá. Eu sei que certa visão da história quer sempre saber onde está a culpa, desde que esteja no Ocidente, é claro. Antes como agora, a história dos árabes é feita por eles próprios. O que esperavam? Que os EUA saíssem hostilizando governos amigos, impondo a sua noção de democracia e os seus valores?

Um regime democrático não se constrói sem valores, atores e estruturas que o sustentem . Não é um modelo a ser importado, mas uma escolha a ser feita na sociedade. O objetivo estratégico dos Estados Unidos no mundo árabe não é levar a sua “democracia”, mas manter uma paz que enfraqueça seus inimigos. Alguém está surpreso ou chocado com isso? Roma Antiga já fazia isso. Os Persas também. Com os gregos, não era diferente. A realidade existe.

“Mas então por que você condenou tanto a aproximação entre Lula e Ahmadinejad?” Porque aquele é um governo terrorista, que financia o terror além-fronteiras e porque está ocupado em construir uma bomba atômica com o claro e declarado propósito de ameaçar um outro país” — ou “varrê-lo do mapa”, na expressão daquele delinqüente. É claro que estou me referindo a Israel.

Algumas das ditaduras árabes têm contribuído para efetivamente combater o terrorismo islâmico, e eu considero necessário fazê-lo. Barack Obama, até outro dia o queridinho dos politicamente corretos, também deve considerá-lo, daí ter escolhido o Egito em 2009 para fazer seu discurso ao mundo islâmico. Assim, essa coisa estúpida, tolinha, de dizer que os EUA são contraditórios porque apóiam algumas ditaduras e combatem outras é só uma boçalidade supostamente generosa, quando não é ideologicamente orientada. Se eu tivesse de escolher entre a ditadura de Mubarak e a da Irmandade Muçulmana, ficaria com a primeira. “Ah, mas e os egípcios?” Bem, como eles não conhecem uma, podem odiar, e estão certos em fazê-lo, a outra. Sei o que acontece onde os frutos da Irmandade, como é o caso do Hamas, são governo. Hoje, os israelenses já não oprimem palestinos em Gaza; os terroristas o fazem — sem sistema judiciário organizado porque não precisa!


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