Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo, sim. Mesmo consciente de que nasci sozinha do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinha num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem. Mesmo sabendo disso, eu, você, eles, todos, exigimos o eterno do perecível, loucos. Amar é loucura, loucura eterna, limitada ou não.
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