Menina que o olhar brilhava para dentro de si

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Roçando os lábios e o nariz, de mansinho, no vidro embaciado do quarto. Lá fora a chuva miudinha pastava carreirinhos de mil regatos, recortando o alcatrão, os contornos do passeio calcetado. Menina se princesava aos olhos e coração de um sonho de ser feliz, na pele, na alma. No gostar porque sim. No arrepiar dos sentidos, do fundir do hálito quente, numa fome sem fim. Ela se investia. Arremetia-se em múltiplas marés. Amando até doer. Doendo no recuar, como se a alternância das luas, a aprisionasse nesse dançar. Menina era tudo isso. Fascínio de mais-querer. Até ao dia em que serenou, na praia do gostar. Ali tudo se arrepiou. Ventos e corcéis.

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